Federação de Judô de Mato Grosso do Sul

JUDÔ MASCULINO RENOVADO PARA O MUNDIAL

Com cinco atletas sub-25 e apenas dois remanescentes olímpicos, equipe disputa competição no Egito em setembro. No feminino, Tânia Ferreira derrota Danielle Zangrando no peso leve

O judô masculino do Brasil será representado por uma equipe renovada no Campeonato Mundial do Egito, de 8 a 11 de setembro no Cairo. Depois de dois dias de seletivas no ginásio do Pinheiros, em São Paulo, apenas dois integrantes do time que foi a Atenas mantiveram sua posição na seleção (Leandro Guilheiro e Carlos Honorato), que terá cinco atletas da categoria sub-25 (João Derly, Leandro Guilheiro, Tiago Camilo, Luciano Correa e Walter Santos), com Denilson Lourenço completando o quadro. No feminino, prevaleceu a experiência das olímpicas Daniela Polzin, Fabiane Hukuda, Vânia Ishii e Edinanci Silva. No peso leve, Tânia Ferreira e Danielle Zangrando reeditaram a final da seletiva para Atenas, numa revanche de Tânia, que ficou com a vaga desta vez. Priscila Marques e Márcia Lima fecham a equipe feminina.

“Continuamos contando com uma equipe medalhada. Jovem mas experiente, como Leandro Guilheiro (bronze em Atenas 2004 e campeão mundial júnior em 2002), Tiago Camilo (campeão mundial juvenil em 1998, campeão mundial júnior em 1998 e prata em Sydney 2000), Carlos Honorato (prata em Sydney 2000), João Derly (campeão mundial júnior em 2000), Luciano Correa (bronze na Universiade de 2003). O caminho da renovação é esse”, avaliou o técnico da equipe masculina, Luiz Shinohara, que acompanha a seleção na preparação para o Mundial: de 1 a 17 de julho, o Brasil vai para a Europa para o treinamento de Castelldefels, na Espanha, a etapa do Circuito Mundial na Turquia e treinamento em Istambul (feminino) e Paris (masculino).

TODAS AS CATEGORIAS (RESULTADO + DEPOIMENTOS):

Ligeiro Masculino: Denílson Lourenço/SP
Aos 28 anos, Denílson Lourenço volta a ser o número um do ligeiro brasileiro. Titular em Sydney 2000, o paulista venceu por 2 a 1 a melhor de três contra Alexandre Lee, titular em Atenas 2004. Na luta final, a vitória só saiu na bandeira (decisão dos juizes), com um placar de 2 a 1.
“Depois de cinco anos afastado da seleção não tem como não ir às lágrimas. Estou muito feliz mas sei que o mundial vai ser bastante difícil”, afirmou Denílson, quinto colocado no Torneio de Paris deste ano.

Ligeiro Feminino: Daniela Polzin/RJ
Daniela Polzin manteve sua condição de titular na seleção brasileira. Depois de Atenas, a peso ligeiro teve de operar o joelho. No confronto com Marieta do Nascimento/SP, venceu por 2 a 0, com duas vitórias por ippon.
“Usei a tática certa, anulando seu estilo de luta, de muita força. Dessa vez minha participação vai ser diferente, estou mais madura depois de Atenas”, disse a carioca, que esteve no Mundial de 1999.

Meio-leve Masculino: João Derly/RS
Depois da participação nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, a carreira de João Derly virou do avesso. O judoca gaúcho, com dificuldade em se manter no peso, subiu do ligeiro para o meio-leve. Passou mais de um ano lutando para reconquistar sua condição na seleção brasileira. E o fez, numa vitória por 2 a 0 sobre Leandro Cunha, da equipe olímpica B.

“Estou começando a colher os primeiros resultados agora, depois de tantos problemas, como o caso do dopping nos Jogos Sul-Americanos de 2002, que me deixou dois meses afastado do judô, e a questão do peso em 2003. É muito gratificante vestir o quimono para representar o Brasil”, afirmou o atleta, titular também da equipe sub-25 e Campeão Pan-americano de 2005.

Meio-leve Feminino: Fabiane Hukuda/MG
Fabiane Hukuda venceu por 2 a 0 a jovem Mariana Barros, de Pernambuco. Em lutas equilibradas, a judoca santista radicada em Belo Horizonte fez valer sua bagagem de duas medalhas em Jogos Pan-Americanos, o título mundial júnior e tantas outros resultados internacionais.

“Será minha quarta participação em Mundiais e esse ano no Egito será a competição mais importante do ano. A seletiva foi o primeiro passo de um novo ciclo olímpico”, diz a jovem e ao mesmo tempo experiente Fabiane Hukuda, de 23 anos, que esteve nos Mundiais de 1999, 2001 e 2003.

Leve Masculino: Leandro Guilheiro/SP
O medalhista olímpico de Atenas 2004 voltou a treinar há apenas três meses, depois de longo tempo se recuperando as cirurgias no quadril e no pulso. Não por acaso, a comemoração pela classificação para o Mundial foi um abraço no médico Henrique Cabrita, que o operou. Guilheiro venceu Diogo Coutinho, titular do Brasil no último Mundial Júnior por 2 a 0.

“O objetivo era voltar bem. Treinei o que dava e o que não dava, me dediquei ao máximo para esta seletiva. Era o que eu mais queria. Estava confiante no trabalho que vinha fazendo e, por isso, vim lutar com a cabeça boa”, resumiu Guilheiro. “Vou repetir meu discurso antes de Atenas: quero chegar bem ao Mundial e dar o meu máximo”, continuou o medalha de bronze do Brasil, apontando o coreano campeão olímpico, o francês que o venceu em Atenas e o japonês como principais forças no Egito.

Leve Feminino: Tânia Ferreira/SP
Numa reedição da final da seletiva olímpica de Atenas, Danielle Zangrando e Tânia Ferreira fizeram confrontos equilibradíssimos. Na primeira luta, vitória por koka de Zangrando, titular em 2004. Na segunda, um yuko para Tânia. O desempate foi no golden score do terceiro combate, com um yuko para Tânia.

“É sempre um clássico. Nos enfrentamos há mais de dez anos. Foi uma luta fantástica. “Estou muito satisfeita. Qualquer uma que fosse representaria bem o Brasil no Mundial. É bom estar de volta”, disse Tânia, bronze em Santo Domingo 2003 e que ficou afastada dos tatames por quase um ano por conta de duas operações, uma ombro e outra no joelho. “Tenho dois mundiais para disputar em setembro. O de judô, no começo do mês, e o de luta livre no final. Esse ano está sendo muito bom”, completou Tânia, que se dedica com a mesma eficiência aos dois esportes e, em 2005, foi bronze no Pan-Americano de luta.

Meio-médio Masculino: Tiago Camilo/SP
Aos 18 anos, Tiago Camilo conquistou a prata nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 no peso-leve. Agora, aos 22 anos e oito quilos mais pesado, no meio-médio, Tiago Camilo parte para seu primeiro Campeonato Mundial Sênior. Venceu a final da seletiva por 2 a 0 sobre seu companheiro de clube, Flávio Honorato, e coroou um ano de boas estréias para ele. Nesta temporada, já havia debutado em grande estilo, com dois ouros, nos campeonatos Pan-Americano e Sul-Americano sênior, como titular da equipe sub-25.

“Foi preciso muito trabalho e dedicação para finalmente conseguir a classificação para o meu primeiro Mundial. É um sonho realizado num momento muito especial da minha carreira. Ainda tenho muito o que evoluir até o Cairo mas vou dar meu máximo para que tudo dê certo”, garantiu Camilo, que homenageou o irmão Luiz Camilo, da categoria leve que, contundido, não competiu. “Ele não lutou mas com certeza estava lá dentro do tatame comigo”.

Meio-médio Feminino: Vânia Ishii/SP
Com 2 a 0 sobre Maiti Ferreira, Vânia Ishii carimbou o passaporte para seu sexto Campeonato Mundial consecutivo. Filha do primeiro medalhista do Brasil em Mundiais (Chiaki Ishhi foi bronze em 1971, na Alemanha), Vânia quer, finalmente, trazer a sua medalha para casa. Ela foi a titular em 1995, 1997, 1999, 2001 e 2003, tendo no quinto lutar em 2003 sua melhor colocação.

“Tive de lutar contra uma outra Vânia Ishii, que não estava confiante e que não acreditava que seria capaz de se classificar para o Mundial. É muito difícil competir assim e ainda com duas lesões (tornozelo e virilha), que sofri há duas semanas. Agradeço à minha família que nunca deixou de acreditar que eu podia”, agradeceu a judoca.

Médio Masculino: Carlos Honorato/SP
Em um duelo equilibradíssimo com seu velho conhecido Alexsander Guedes, Carlos Honorato levou a melhor: 2 a 0. O medalha de prata em Sydney 2000 e bronze no último Campeonato Mundial, Honorato quer, no Egito, apagar á imagem deixada depois de Atenas.

“O Alexsander tem golpes mais perigosos do que os do Branco (Edelmar Zanol, seu rival nas três últimas seletivas olímpicas), pois vai muito no contra-golpe. Mas eu estava com a cabeça tanto no Mundial, que consegui a vaga”, avaliou Honorato, já fazendo planos. “As pessoas que me gostam e torcem por mim sabre que o resultado de Atenas pode acontecer com qualquer um, mas com um bom desempenho no Egito posso começar a esquecer um pouquinho o desempenho na Grécia. Mas só vou curar mesmo em Pequim, em 2008”, disse Honorato, que agora pretende escutar mais os conselhos dos técnicos e amigos para aperfeiçoar seu judô em busca de um bom resultado no Egito.

Médio Feminino: Márcia Lima/RS
Titular da equipe sub-25 do Brasil, medalha de prata no Campeonato Pan-Americano e bronze no Sul-Americano de 2005, a gaúcha Márcia Lima “destoa” dos companheiros por apenas um detalhe. É faixa marrom. Aos 23 anos, a judoca venceu Kelly Silva por 2 a 1 e carimbou o passaporte para o Egito.

“Essa vaga mudou minha vida. Agora vou me profissionalizar na Sogipa, vou ganhar bolsa de estudo na universidade, tudo vai ser diferente”, vibrou, chorosa, a nova titular o peso médio, que trabalhava em um escritório de representações e voltou a competir há apenas oito meses. “Estava parada há quatro anos, treinando em clubes menores. Mas o treinador me convidou para disputar o Troféu Brasil e fui. Fiquei com a prata”, relembrou Márcia.

Meio-pesado Masculino: Luciano Corrêa/MG
Abraçado aos pais, Luciano Corrêa, reserva de Mário Sabino (gripado, não competiu) em Atenas 2004, comemorou muito o posto de titular da seleção brasileira no Mundial do Egito. Com 2 a 0 sobre Leonardo Leite, o atleta brasiliense radicado em Minas Gerais conquistou mais um belo resultado em 2005, depois das medalhas de ouro no Pan e no Sul-Americano Sênior.

“Estou confiante que meu momento como titular do Brasil chegou. Desde o ano passado que venho perseguindo esta posição e fui premiado com uma boa atuação na seletiva. Agora terei a oportunidade de participar de treinamentos internacionais e sei que, hoje, dei meu primeiro passo para as Olimpíadas de Pequim”, afirmou o judoca de 23 anos, titular da equipe sub-25.

Meio-pesado Feminino: Edinanci Silva/SP
A paraibana Edinanci Silva é recordista de medalhas do judô feminino brasileiro em mundiais. Em três participações foram dois bronzes (1997 e 2003). Depois dos 2 a 0 sobre Luzia Fernandes, a meio-pesado já faz planos mais altos.

“Sempre busco me superar nas competições. Se já tenho dois bronzes, agora vou atrás do ouro”, disse a atleta, que ficou duas semanas de cama por causa de uma gripe, que por pouco não a tirou da seletiva. “Foi a primeira vez que enfrentei a Luzia. Fiquei impressionada, pois ela se movimenta muito. Tenho certeza de que se continuar desenvolvendo vai se tornar uma adversária ainda mais forte”, elogiou.

Pesado Masculino: Walter Santos/SP
Há dois anos, Waltinho pesava 170kg. Hoje, com 126kg e 1,93m, o peso-pesado se considera um atleta mais ágil. Tal qual João Gabriel Schilitter (que eliminara Daniel Hernandes na véspera), com quem protagonizou belos combates e um placar apertado 2 a 1, levantando a torcida na arquibancada.

“Estou muito consciente do que está acontecendo. Trouxe medalhas de ouro do Pan e do Sul-Americano e agora conquistei a vaga para o Mundial. Meus técnicos me ajudam bastante a melhorar”, disse o judoca que, no fim de 2004, no Grand Prix Nacional, já tinha derrotado Daniel Hernandes, o mais antigo titular da seleção masculina, representante do Brasil nas últimas duas olimpíadas e três mundiais. “Se estou aqui agora, não é sozinho, foi graças a ajuda e à torcida de muita gente”.

Pesado Feminino: Priscila Marques/SP
A santista Priscila Marques foi quinta colocada nos mundiais de 1999 e 2001 na categoria absoluto. Ficou de fora de Osaka 2003 por contusão, o que acabou atrapalhando seu caminho a Atenas. Não classificada para os Jogos Olímpicos, Priscila desanimou. Mas voltou com tudo. Venceu por 2 a 0 a jovem promessa Maria Suelen Althman, de 17 anos, e parte para mais um cinco olímpico super motivada.

“Já passou a frustração, é página virada. Agora estou começando de novo, do zero”, resumiu a peso-pesado. “Vou buscar um melhor resultado para o Brasil Sei que é possível”, disse Priscila.

RESULTADOS:
Ligeiro Masculino (- 60kg):
Alexandre Lee/SP 1 x 2 Denílson Lourenço/SP

Ligeiro Feminino (-48kg):
Daniela Polzin/RJ 2 x 0 Marieta do Nascimento /SP

Meio-leve Masculino (-66kg):
Leandro Cunha/SP 0 x 2 João Derly/RS

Meio-leve Feminino (-52kg):
Fabiane Hukuda/MG 2 x 0 Mariana Barros/PE

Leve Masculino (-73kg):
Leandro Guilheiro/SP 2 x 0 Diogo Coutinho/SP

Leve Feminino (-57kg):
Danielle Zangrando/SP 1 x 2 Tânia Ferreira/SP

Meio-médio Masculino (-81kg):
Tiago Camilo/SP 2 x 0 Flávio Honorato/SP

Meio-médio Feminino (-63kg):
Vânia Ishii/SP 2 x 0 Maiti Ferreira/SP

Médio Masculino (-90kg):
Carlos Honorato/SP 2 x 0 Alesxander Guedes/SP

Médio Feminino (-70kg):
Márcia Lima/RS 2 x 1 Kelly Silva/SP

Meio-pesado Masculino (-100kg):
Luciano Corrêa/MG 2 x 0 Leonardo Leite/RJ

Meio-pesado Feminino (-78kg):
Edinanci Silva/SP 2 x 0 Luzia Fernandes/RJ

Pesado Masculino (+100kg):
Walter Santos/SP 2 x 1 João Gabriel Schilitter/RJ

Pesado Feminino (+78kg):
Priscila Marques/SP 2 x 0 Maria Suelen Althman/SP

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