Mudança na classificação desagrada judocas brasileiros
A decisão da Federação Internacional de Judô em alterar o período de classificação para as Olimpíadas de Londres não agradou dois dos principais judocas brasileiros: Tiago Camilo, atual campeão mundial dos meio-médios, e Luciano Côrrea, que detém o título de melhor do mundo entre os meio-pesados, não gostaram das mudanças.
Por conta da crise financeira internacional, a entidade que rege o judô no mundo optou por não mais contabilizar os resultados obtidos em 2009 e no começo de 2010 na corrida olímpica. Agora, o período para cada atleta somar pontos e garantir a sua vaga é de 1º de maio de 2010 até 30 de abril de 2012. Como para garantir uma boa colocação nesta disputa o lutador é obrigado a fazer diversas viagens, a medida visa proteger aqueles competidores que perderam patrocínios graças à recessão.
“Tem dois lados: antes, poderia ser que eu tivesse bons resultados em 2009 e 2010 e já ficaria mais tranquilo nos dois últimos anos, poderia me preservar para os Jogos disputando competições mais fracas. Por outro, tenho mais tempo para me adaptar à categoria médio”, comentou Tiago Camilo, cujo objetivo é tornar-se o primeiro judoca a ter três medalhas olímpicas em três categorias – ele já possui a prata entre os leves em Sidney-2000 e o bronze dos meio-médios em Pequim-2004.
Tiago chegou a pedir dispensa do grupo que disputou o Grand Slam de Paris, em fevereiro, ao avaliar que não valia pena interromper sua preparação para ganhar pontos que daqui a quatro anos teriam uma desvalorização de 75% – a regra antiga previa que a pontuação conquistada no início do ciclo olímpico tivesse menos valor que a obtida próxima às Olimpíadas. Mesmo assim, não acredita que as mudanças impostas pela FIJ signifiquem uma grande vantagem a ele.
“Na verdade, só vou ter uma noção disto quando competir. Mas seria melhor se os pontos já valessem desde agora”, admite o atleta, que volta aos tatames neste final de semana para a seletiva da categoria médio para a seleção brasileira, disputa que considera um marco no seu planejamento. “Tudo depende do que vai ocorrer aí. Só aí vamos poder pensar lá na frente e ver o que será importante para mim”, explicou.
Curiosamente, Luciano Côrrea vive situação oposta à de Tiago. Com 120 pontos, obtidos com a prata na Copa do Mundo de Budapeste e o quinto lugar no Grand Slam de Paris, ele era o brasileiro mais bem posicionado na corrida olímpica ao ocupar a sétima colocação entre os meio-pesados.
“Fiquei bastante chateado”, admitiu o judoca, que havia acabado de ser informado sobre as mudanças quando atendeu a reportagem da Gazeta Esportiva.Net. “Agora, preciso saber exatamente o que mudou para ver como vou continuar esse ano, mas acho que a prioridade será mesmo o Mundial. O foco continua o mesmo”, emendou.
Apesar de ter sido prejudicado, Luciano diz entender a motivação da FIJ. “Isso vai ajudar bastante os países pan-americanos a melhorar, já que esse novo sistema exige um número alto de viagens, que tem um custo alto ao mesmo tempo em que empresas estão reduzindo os investimentos no esporte. A crise atingiu os tatames”, constatou.
Carolina